Quero falar o que quero, como quero, sem preocupação em verbo concordar, quero pintar o quero, como quero sem medo em tinta combinar. Quero escrever o que quero, como quero, sem importar com vírgula fora do lugar. Quero fugi de formas e de fôrmas, e sem amarras me expressar, me livrar de certas frescuras, desse moralismo excessivo no ato simples de se comunicar. Quero só que entenda minha razão, onde quero chegar, não quero nada impossível, a não ser livre me interlocutar.Quero alcançar outro mundo e não somente sonhar,me despir desta pobreza mesquinha, a venerada inteligência vulgar.E não me diga se isso ou aquilo deve se falar! Não me diga quando esse ou este deve se usar! Não me diga onde o ponto deve ficar! Não me diga se a rima é pobre se é rica, isso não me faz interessar! Quero ultrapassar os limites da hipocrisia, da ditadura, do controle, mesmo remoto, que querem me domar. Não estou nem aí para a vestidura, quero apenas, ir além da aparência, nada a mais, do que meu pensamento registrar, em atos espontâneos, simples, escrever, pintar, falar. E não me ignores, nem me apontes! Se achares, que não sou culto ao me expressar. Quero e vou viver a liberdade plena!Não é utopia, não estou louca a delirar. Tenho fiança, amparo, proteção, onde me abrigar. Tenho defesa e sustento, pois, a poética me tira as algemas, me faz livre, me dar asas pra voar, por cima da tirania, que contrariada se submete ao irregular.

(Adriana Gonzaga)

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Tempo


                                  Tempo

Houve um tempo,
Em que o tempo,
Parecia não passar.
Tudo era lento,
Com um longo,
E eterno nunca chegar.

Um ano, era demorado,
Como um século,
Cansava-me a esperar.
Um mês, como um ano,
Uma semana, como um mês,
Que me delongava a atravessar.
Um dia, como uma semana,
E um minuto, como uma hora,
Sádico a torturar,
A quem, acelerado,
Ansiava com o coração extasiado,
Diante de tanta coisa a experimentar!
Tudo ao mesmo momento!
Com a pressa do excitado,
Com o desejo de algo alcançar,
Não sei o que... ao exato...
Talvez...  ir... a... algum lugar.

Hoje, o tempo passa tão logo,
Que o pensamento fica a flutuar.
O ano, tão apressado,
Decorre como um mês,
Um mês, como uma semana,
Que nem o vejo a passar.
Uma semana, como um dia
Um dia, como uma hora,
E o minuto... Não existe,
Pois, não consigo mensurar.
Tudo passa tão rápido,
A quem, lento está.
Não percebo a aurora,
E muito menos o ocaso,
Ainda não sei aonde quero chegar.
 E quanto mais me deixo ao acaso,
Mais me Perco no tempo e no espaço,
 E vagaroso não consigo me encontrar.


Tempo!
Meu herói!
Meu algoz!
Senhor do destino!
Mestre de todos os ensinos!
Que me ilude, que me confunde.
Que me feri, que me cura,
Que me envolve, que me dissolve
Responde-me, estou a esperar!
A esperar... A esperar...
A alimentar de ti,
E ti, a me devorar!


(  Adryana Gonzaga)

5 comentários:

  1. Lindíssimo, Adryana! Parabéns pelo poema! Sabe, eu às vezes também sinto que o tempo tem andado mais acelerado ultimamente. Mais atribulações no dia? A velhice se aproximando? Não sei... mas não gosto desta sensação.

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  2. La inexorabilidad del Tiempo y su ritmo siempre imprevisible.
    Como decía Unamuno: "Procuremos más ser padres de nuestro porvenir que hijos de nuestro pasado".
    Precioso Poema.
    Um abraço e beijos.

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  3. Poesia e ilustração soberbas!
    O tempo quase parou...
    :)

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  4. ADRYANA,

    e contam-se os anos em nossas idades, idade ontem que era de um jovem,agora,bem...nem tanto assim!

    Um abração carioca.

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  5. Belo poema, e quanta verdade contida nele.
    Eu sentia q o tempo nunca passava qdo era bem jovem, agora... é melhor nem falar, porque ele simplesmente voa.

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